Micróbio da fuzarca, a releitura da obra de Lídia Baís que virou tatuagem 6y531v
Micróbio da Fuzarca, uma das obras mais marcantes de Lídia Baís ganhou releitura nas mãos da arquiteta de corpos, como se apresenta a tatuadora Sol Ztt, de 30 anos, que perpetuou a arte transgressora de uma mulher que viveu à frente do seu tempo em uma Campo Grande do ado. Lídia Baís nasceu em Campo […] 4e1m1x

Micróbio da Fuzarca, uma das obras mais marcantes de Lídia Baís ganhou releitura nas mãos da arquiteta de corpos, como se apresenta a tatuadora Sol Ztt, de 30 anos, que perpetuou a arte transgressora de uma mulher que viveu à frente do seu tempo em uma Campo Grande do ado.
Lídia Baís nasceu em Campo Grande, em 1900, filha de uma família tradicional na cidade. Artista completa, foi desenhista, pintora, escritora e compositora, além de ter atribuída a si a frase: “por minha causa vocês vão ficar na história” dita aos familiares.
Micróbio da Fuzarca é uma das pinturas que mais provoca reflexões por ter um esqueleto de pernas e braços humanos com cabelos trançados, calçola e um rabo, que pode ser interpretado como um demônio, seja ele advindo da crença ou o que habitava o interior de Lídia Baís.
A interpretação artística da obra cabe aos estudiosos, mas o porquê dela ter sido impressa na pele do controlador de tráfego aéreo Lincoln Garcia Silva diz muito sobre a tatuadora que vê em Lídia Baís a representação de si mesma.
“Dentre os quadros de Lídia que ainda restam, acredito que esse me representa. É o quadro dela que mais foge do padrão, e é incrível tê-lo aqui na cidade, estado, país. É um presentão de Lídia”, enxerga Sol.

Micróbio da Fuzarca e a tatuadora r1di
Em 2016, quando realizava uma pesquisa acadêmica na área patrimonial, Sol Ztt guardou Lídia Baís na memória. À época, a arquiteta e já tatuadora teve a oportunidade de realizar uma intervenção no antigo Sesc Morada dos Baís, casa de Lídia onde havia um museu dedicado à ela. Nessa ação, conheceu o quadro Micróbio da Fuzarca e se apaixonou.
Sinto-me atraída por artes que provocam um sentimento mais intenso, talvez um pouco obscuro, surrealista… Não sei bem descrever o que especificamente o quadro me aflora ou como, mas de alguma forma sinto que ele mostra uma parte nossa que tentamos evitar. Algo como ‘abrace seus demônios’, porque no fundo é a partir deles que evoluímos e nos tornamos fortes”, narra Sol.
E foi esta atração pelo obscuro e surreal que fez com que Sol Ztt buscasse alguém para carregar consigo um dos quadros sobreviventes de Lídia. Missão prontamente aceita por Lincoln, que pouco conhecia sobre a artista, mas se sentiu tocado pela coincidência de datas. Ambos nasceram dia 22 de abril.
Como a arquiteta já tinha feito a releitura de Micróbio da Fuzarca, resolveu abrir nos stories do Instagram o espaço para quem toe ser tela. “Coloquei o quadro, contei da minha historia com a Lídia, mostrei o processo de criação da ilustração e disse que seria um valor simbólico, apenas para cobrir os materiais”, lembra.
De cara, Lincoln se identificou pelo aniversário e se ofereceu. “Ele não conhecia Lídia, topou pela expressão, mais genuíno que isso, desconheço”, considera a tatuadora.
Foram duas sessões, na primeira, apenas o Micróbio da Fuzarca foi feito, já na segunda e última, o fundo azul tomou o braço esquerdo do amigo para completar a releitura da obra.
“A tatuagem é uma forma de animar a arte, dar alma, vida com o corpo. A vida e morte de Lídia habita em nós, assim como artista, assim como campo-grandense, assim como mulher e outros adjetivos que podemos nos reconhecer nela. Foi um sonho realizar essa releitura, o presente foi mais pra mim do que para Lídia”, agradece a tatuadora por este ter sido mais um dos tantos encontros que Lídia Baís lhe proporcionou.
Releitura no braço 3k5jh
Amigo e fã dos trabalhos de Sol Ztt, Lincoln soube que dividia a data de aniversário com Lídia Baís, quando completou 33 anos. Paranaense de nascença, o controlador de tráfego cresceu no interior de São Paulo e chegou a Campo Grande em 2007, para fazer faculdade.
Ao descobrir a coincidência de nascimentos, no entanto com uma diferença de 88 anos, Lincoln topou fazer a tatuagem e também descobrir um pouco da história da artista.

“Eu vejo e acho forte, imagino como representação de um estado de espírito fustigado pela vida, porém bem vivo”, descreve Lincoln sobre o que sente ao olhar para a tatuagem.
Apesar de carregar a releitura no braço esquerdo, Lincoln não chegou a ver o Micróbio da Fuzarca em exposição. Isso porque no calendário além da pandemia teve também o fechamento do Sesc Morada dos Baís. O quadro faz parte do acervo do Marco (Museu de Arte Contemporânea) que também está fechado.
Embora o quadro não esteja exposto, Lídia Baís segue sendo parte da tatuadora. “Eu sinto a agem do tempo, um dando a mão para o outro nessa história da arte”, diz.
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