De chinelo a saia rodada, Velha Casinha guarda memórias e amores de Delinha 47373p
Delinha estaria orgulhosa. A “Velha Casinha” continua em pé, firme, do mesmo jeitinho que ela deixou, abrigando a “quarta geração” da família, um desejo da artista, que faleceu neste mês em Campo Grande, e eternizado nos versos de uma de suas canções mais famosas.

“A velha casinha é um pedacinho da minha mãe, da história dela, que na música ela fala ‘a casinha dos meus oitos anos, de alegrias e desenganos, você não pode acabar e terá que abrigar a quarta geração’”, diz, cantarolando, o guardião deste legado, o filho único de Delinha, o também músico, João Paulo Pompeu, 53 anos.
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Curioso ou não, Delinha mudou a versão da música no show que virou DVD “Delinha Sinfônico”, em 2015. O que era terceira geração nos versos originais, contemplando apenas João Paulo, virou quarta, para abrigar o neto único, que a várias horas do dia na casa da família.

“Cada pedacinho dessa casa lembra a minha mãe. Sinto falta da presença física dela”, confessa João Paulo. O chinelo ainda está na beirada da cama, assim como as saias rodadas que ela sempre usava, a base pela metade e as bijuterias. “O quarto ainda tem o cheirinho dela”.
O filho ainda não teve forças para tirar do cantinho nem mesmo os maços de cigarro, que ela ainda fumava, apesar dos 85 anos e os recentes problemas de saúde no pulmão.

Durante todo o ano de 2022, Delinha batalhou para respirar e permanecer uma rocha em casa. Mas, quando soube que em breve teria que partir, fez questão de deixar claro para João Paulo e a equipe de saúde que a acompanhava todos os dias, que aria seus últimos momentos de vida na velha casinha, ao lado de Scheik, seu cão de guarda, e a família. Nesse tempo, conseguia até aprontar, fumando ao lado do respirador para desespero de João Paulo, e brincar com as enfermeiras, de quem sempre arrancava gargalhadas.

De todas as formas que poderia ter partido, escolheu a serena. “Ela partiu dormindo”, busca na memória João Paulo. Na madrugada do dia 16 de junho, a cuidadora – a única que Scheik aceitou – percebeu que a cantora e compositora sul-mato-grossense havia falecido.
“Foi do jeito que ela queria. Ela preferia partir aqui na velha casinha, com as coisinhas e o cachorro dela, que dormia na cama ao lado, junto com a cuidadora. Na última vez que internamos, o médico avisou que ela iria ficar totalmente dependente do oxigênio, e quando o médico veio aqui fazer a avaliação dela do home care [atendimento hospitalar em casa], ele disse que faria de tudo para não a levar, porque ela não queria ir [para o hospital]”, pontua.

João Paulo conta que tudo começou a mudar em novembro de 2021, quando Delinha teve uma queda em casa. “Depois que ela caiu aqui, não quebrou nada, mas a saúde dela ficou abalada, a falta de ar dela foi muito feia. Mas, ela lutou até o fim”, conta.

Aos poucos, os shows ficaram escassos e os afazeres domésticos diminuíram. “Antes da queda, ela que limpava a casa, cozinhava, lavava roupa, todas as pessoas que vinham entrevistá-la, ela fazia sopa paraguaia, bolinho de arroz. Sempre brinquei que se você acha que minha mãe canta bem, precisava ver como ela cozinhava”. (Para manter a tradição, João Paulo comprou pasteis para receber esta repórter)
Mas, nem por isso ela ficou longe da música. Quando sua canção “A Malvada” tocou em “Pantanal”, Delinha estava internada, mas recebeu uma enxurrada de mensagens. João Paulo foi ao hospital contar, mas ela avisou “Eu já sei”. “Tá bom”, respondeu, rindo.
Legado 3n5k5i
João Paulo explica que tem muita coisa da mãe, itens pessoais, “alguns LP’s” e que “algumas pessoas já o procuraram” com a intenção de montar um museu ou acervo especial da artista. Também pensaram em tombar a casa, até mesmo antes da mãe partir, mas que ela não queria, justamente para manter a propriedade da família com os herdeiros.

Por enquanto, ele ainda não sabe o destino de tudo isso, mas tenta se acostumar com a ausência da mãe. “Eu sempre fui dependente da minha mãe. Esses dias estava tocando em um lugar, fui para outro e lembrei dela. Se eu tivesse demorado e sem avisar onde estava, ela já ligava. Ela não dormia até eu chegar, falava para não beber e dirigir. Sempre dizia para o pessoal, vou embora para minha mãe poder dormir”, conta.
Apesar da distância física, João Paulo tem recebido nas redes sociais e presencialmente, um pouco desse amor da mãe. “A força que o povo está dando para mim é extraordinária. Recebi muitas mensagens de carinho, muitos abraços por onde eu o. Isso tem sido maravilhoso”.

Comentários (1) 1j10k
Eu conheci a Delinha na cidade de Antônio João, eu tinha 11 anos, hoje tenho 64, me apaixonei por aquela voz,hoje minha netinha de 5 anos é sua fã,não aceita que Delinha tenha morrido,daí eu penso a Delinha tinha um encanto na alma, encantava as criancas e adultos,mas Deixou seu legado que jamais será esquecido.
Penso que João Paulo não deve parar com o Grupo ANTIGO APOSENTO, escolha uma moça de voz parecida com a voz de Delinha e se mantenha nos palcos para nós fãs relembrar da nossa Rainha do Rasqueado.