De 1918, Casa do Artesão mantém beleza original após reforma 5f148
O prédio grandioso na principal avenida da cidade foi construído para ser o Banco do Brasil, o primeiro da capital, em 1918 e 1923 1p6i5b
Na esquina das avenidas Afonso Pena e Calógeras, a construção centenária que sempre chamou atenção pela beleza da arquitetura, agora ganha novas cores e se destaca no meio do centro da capital. Completamente restaurada, a Casa do Artesão volta a abrir as portas em Campo Grande neste domingo (19), e a equipe do Primeira Página foi conferir como tudo ficou. Vem com a gente!
O prédio grandioso na principal avenida da cidade foi construído para ser o Banco do Brasil, o primeiro da Capital, em 1918 e 1923. ados 52 anos, o local se transformou na Casa do Artesão.
Ao longo do tempo, ou por reformas que tiraram a identidade original; as paredes mudaram de cor, os tijolos de barro foram se deteriorando, mas, ainda assim, o prédio sobrevivia. A busca pela restauração começou em 2007, mas a verba para um novo projeto só veio em 2016. Com tudo pronto, faltava o dinheiro para a obra, que só começou mesmo em novembro de 2021.
Mais de um ano de trabalho, que ultraa o significado de obra e se transforma em arte. Cada pedaço do prédio foi pensado como um ser vivo, com alma e com a história de todas as pessoas que aram por lá nesses cem anos.

As paredes de tijolinho são as mesmas erguidas em 1918, possuem a mesma essência. Para reformar um por um, as equipes primeiro tiraram todo o cimento e material que ao longo do tempo foi colocado em cima dos originais, depois, pegaram alguns tijolos, transformaram eles em pó e misturaram com cal. Essa “massinha” foi usada para trazer a aparência de quando o prédio inaugurou, em 1923.
O mesmo trabalho cuidadoso foi feito com as cores que hoje dão vida a Casa do Artesão. “Na fachada, fizemos a remoção de todo o elemento invasivo e chegamos mais ou menos o tom que foi pintado originalmente, um tom amarelo, com o barrado mais escuro. A tinta usada hoje é uma tinta mineral, trazida da Itália, que é específica para esse tipo de prédio”, explicou a arquiteta da FCMS (Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul), responsável pela obra, Cláudia La Picirelli de Arruda.
O antigo se mistura com o novo em apenas algumas partes essenciais: banheiros, que estão no anexo do prédio, feito tempos depois da construção e por isso, foram refeitos, na climatização, na fiação elétrica e nos encanamentos. Mas ainda assim, vários cuidados foram tomados para não mudar a estrutura da obra centenária.
“Toda a luminotecnia é nova, mas foi ada em tubulação aparente, nós não rasgamos a parede, a tubulação de drenagem foi feita pelo solo, porque aqui já tinha um piso original em boa parte da construção. Mas até o que foi refeito mantém o mesmo layout, o madeiramento é todo original”, contou.

Nos 14 meses de obra, quem participou da reconstrução do prédio se encantou e se emocionou com a história contida ali.
“O subsolo é o pulmão desse prédio, ele respira. Se você travar e impermeabilizar esse subsolo você vai estourar todas as paredes. Então toda a respiração está lá. É o antigo cofre do Banco do Brasil, que era guardado barras de outro, moedas, parte de joia, na época não existia dinheiro”, revela Cláudia, que só de falar do processo de descoberta dos detalhes da arquitetura, se emociona.
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Emoção que foi compartilhada por Antônio Sarasá, responsável pelo Estúdio Sarasá, empresa que fez a restauração.
“Ele [o prédio] nos contou a história. Trabalhamos com o que ele mostrou. Para nós o tijolo não tem só dimensão, tem também sangue e o suor de quem amassou. Que isso aqui se torne templo, para mostrar que a arte nasce. Que ele seja o elo e represente todo o potencial e seja o templo da arte, dos poetas e dos artesãos”, afirmou.

A Casa do Artesão abre oficialmente neste domingo (19), dia em que se é comemorado o Dia do Artesão. Mais de 3 mil peças, de 800 expositores, montam o acervo do local e estará integralmente disponível a venda na segunda-feira, dia 20 de março.

