Ceramista 75 anos oferece curso de artesanato em Cuiabá 372f46
Alice Conceição de Almeida viveu e cresceu na comunidade São Gonçalo Beira-Rio e pretende deixar como legado a arte do artesanato para as próximas gerações 4956
A ceramista Alice Conceição de Almeida, de 75 anos, está em busca de pessoas interessadas em aprender artesanato para ensiná-las o ofício. Ela está com dificuldades para trabalhar por causa de problemas de saúde e deve ar por cirurgia, com isso, ela procura pessoas tão apaixonadas quanto ela para dar conta da demanda na comunidade ribeirinha São Gonçalo Beira-Rio, em Cuiabá.

Ela faz parte da Associação dos Artesãos e conta com o apoio de algumas auxiliares. “Você não faz nada sem amor. Tudo tem que ser feito com amor”, afirma Alice.
A ceramista vem adiando a cirurgia desde novembro de 2020 porque não quer deixar a loja, algo que aconteceu apenas durante os primeiros meses da pandemia, quando o estabelecimento ficou sete meses fechado.
Ela precisa colocar uma prótese para aliviar a dor do desgaste do osso fêmur, o que vem provocando dor. A artesã espera encontrar alguém que sinta tanto amor pelo artesanato quanto ela e vem realizando oficinas com alguns interessados. “Eu quero deixar mais ou menos pronto, meio organizado para deixar para os outros darem continuidade ao meu trabalho”, contou.
Quem é Alice? 5u1n68
Nascida e criada na comunidade São Gonçalo Beira-Rio, Alice aprendeu as técnicas do artesanato com a mãe dela, aos 10 anos de idade. Desde então, foi desenvolveu um amor intenso pelo ofício.

Por um período, trabalhou como merendeira em uma escola no Coxipó e em outros setores gerais, mas sempre voltava para casa, de bicicleta, e ia para o barro, para criar novas peças.
Ela começou a montar o que chamam de ‘miúdas’, o trabalho foi desenvolvendo até outros mais complexos, como a moringa. Em seguida, ela foi aperfeiçoando a arte com diferentes peças, como fruteiras, utensílios para cozinha, mesa e decorações.
A ceramista revelou que sua inspiração vem de dentro, da força e do amor que sente pelo que faz. Ela destaca que esse é o legado que ela quer deixar e pretende abrir mais espaço para dar continuidade ao trabalho que aprendeu com a mãe.
“Quero chegar nos meus 90 anos e continuar trabalhando. Tenho certeza de que vou fazer muito mais do que estou fazendo. Quero ajudar as ceramistas a abrir outra casa do artesão, é levar a feira com nossos produtos, porque eu sei que daqui uns tempos alguém vai deixar [o artesanato]”, disse.

Ela contou que deseja ampliar as vendas do artesanato através de uma feira na região. Além disso, Alice também almeja ver às margens do rio Cuiabá na comunidade a construção de uma orla, o que pode atrair mais turistas ao local.
Segundo a artesã, essa seria a valorização da arte do artesanato: poder vender cada vez mais e ensinar novos ceramistas para dar continuidade à arte.
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