Na periferia, buracos em barracos são tapados no improviso para amenizar frio 6g5v4p
Criatividade é arma secreta para quem não tem muito; já quem não tem um teto, é atendido por equipes da prefeitura 2q2s26
A noite de segunda-feira (16) começou com a temperatura na casa dos 13°C, em Campo Grande. Não demorou muito e os termômetros registraram temperaturas ainda mais baixas, na madrugada desta terça (17), com direito a 7,6°C de mínima, por volta das 5h, a menor desde o dia 4 de maio.
Com o efeito do vento, a sensação térmica foi de 2 graus centígrados.

Para encarar a noite mais fria do ano, famílias em comunidades carentes precisam recorrer à criatividade e improvisar. Na falta de estrutura, o pouco material disponível se torna esperança. A coberta, além de aquecer na cama, vira cortina e ajuda a esconder os buracos nas paredes do barraco, uma tentativa de evitar que o vento frio entre em maior intensidade.
Essa situação é realidade na família da dona de casa Paula Correa da Silva, moradora da favela do Mandela, na região norte da capital. A pilha de cobertas é praticamente uma relíquia pra ela, que guarda as peças por anos.
No pequeno barraco, além da dona de casa, moram o esposo e quatro filhos de Paula. Os agasalhos pra criançada estão em falta. E, com a chuva do último fim de semana, tudo ficou ainda mais difícil. “Tivemos barracos que inundaram, por cima e por baixo. O meu foi só por baixo, veio a água da chuva, porque ela desce direto na casa da gente”, explicou.

Quem também tem enfrentado problemas com o frio é dona Maria do Carmo, principalmente por não ter muitas opções de cobertores em casa. “A gente deita e fica preocupado, se vai esfriar mais do que já tá, por causa dos buracos na casa. Daí, a gente fica deitado e vem aquele ventinho batendo na gente. É complicado”, destacou.
Sandra Micaela Araújo também relata transtornos. “A maior dificuldade é o frio, o meu barraco é um dos primeiros, bate muito vento por causa das árvores”.
E a preocupação está só começando. Isso, porque, de acordo com meteorologistas, o frio será ainda maior entre a noite desta terça e a madrugada de quarta-feira (18), com chances dos termômetros registrarem menos que 5°C, em Campo Grande.
LEIA MAIS: 342v5n
- Recorde: terça começa com 7°C em CG; mínima foi ainda menor em sete cidades
- Hepatite “misteriosa”: atenção com sintomas é saída para identificar doença
Por isso, equipes da prefeitura percorrem ruas e avenidas em busca de ajudar pessoas em situação de rua, expostas aos riscos provocados pelas baixas temperaturas. Só nos últimos três dias, 61 abordagens foram realizadas por equipes da SAS (Secretaria de Assistência Social).
Conforme o titular da pasta, desse total, 47 pessoas recusaram acolhimento. “Não quiseram ir para nossos abrigos. Acolhemos 14 pessoas e distribuímos um total de 51 cobertas para que as pessoas não em frio”, ressaltou José Mário Antunes da Silva.
O secretário também destacou a dificuldade encontrada pelas equipes, que trabalham 24 horas por dia, de segunda a segunda. “Temos vagas de sobra, mas as pessoas precisam querer, não podemos infringir o direito delas de ir e vir”, afirmou José Mário, ressaltando que nem todo mundo aceita ajuda.
As equipes da SAS percorrem, diariamente, ruas, avenidas e canteiros com a intenção de ajudar quem não tem um lar. O serviço é realizado das 6h às 23h. Na madruga, os profissionais atendem denúncias e pedidos de ajuda recebidos pelos telefones (67) 9.9660-6539 e (67) 9.9660-1469.
