Sem gênero: moda queer quebra barreira entre masculino e feminino 60372l
Para o estilista Einstein Halking, que trabalha com moda queer, as roupas são mais que pedaços de tecido costurados e viram forma de expressão 195q64
Quando escolhe o que vestir, o estilista Einstein Halking, de 39 anos, enxerga muito mais que pedaços de tecido costurados uns nos outros e encontra uma identidade própria por meio da estética queer, que quebra as barreiras entre o masculino e o feminino na moda.

Einstein explica que, cada vez mais, a moda caminha em direção a roupas que sejam para homens e mulheres. Para ele, houve uma mudança no perfil dos consumidores, que hoje buscam reforçar quem são através das roupas e órios.
“Vejo as marcas se empenhando nisso, mas vejo uma liberdade muito maior do consumidor em se apropriar daquilo que é interessante para ele. Hoje vivemos uma pluralidade, que oferece opções para sermos o que quisermos, na hora que quisermos”.
O estilista ressalta que, para além das roupas sem gênero, a estética queer é uma espécie de performance. Com as roupas que escolhe usar, Einstein não tem medo de provocar incômodos em quem o vê pelas ruas de Cuiabá.
“Sou adepto de trajes ultrajantes para, justamente, quebrar a expectativa do que as pessoas esperam que seja um homem gay, negro e nordestino trabalhando com moda. Uso minha roupa para afrontar e confrontar expectativas que as pessoas criam”.
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Como a experiência do estilista foi construída com base na relação que tem com o lado artístico da moda, Einstein não se intimida em juntar roupas femininas e masculinas.
“Quanto mais espalhafatoso melhor, justamente para criar esse incômodo em determinados lugares que são conservadores”.
Moda queer no ateliê 302x3o
A moda chegou na vida do estilista há mais de 10 anos e, durante esse período, ele descobriu formas de se reinventar enquanto profissional. A identidade queer surgiu quando ele e dois amigos, Hugo Alberto e Eduardo Solano, criaram o coletivo Tafetada.
O projeto surgiu para a criação do figurino do primeiro clipe da cantora mato-grossense Karola Nunes. De acordo com Einstein, a construção do coletivo Tafetada aconteceu “a várias mãos”.

” Discutimos muito sobre o queer, sobre Ney Matogrosso e trouxemos muito essas referências sobre o que é o queer brasileiro. Depois disso, adicionei o queer no meu trabalho”.
Quando trabalhou no ramo da moda em São Paulo, Einstein entendeu por quais caminhos não gostaria de seguir enquanto estilista.
Em 2005, ele retornou para Cuiabá, onde mantém um ateliê no bairro Boa Esperança, chamado “House of Einstein Halking”. O foco dele não é apenas na criação de figurinos, mas também com projetos de moda e artísticos.
“Minha preocupação é de que seja gritante aos olhos dos outros, que provoque algum tipo de reação nas pessoas: aplausos educados, sorrisos amarelos ou repulsa, mas que despertem algum tipo de emoção”.
Antes do House of Einstein Halking, o estilista criou uma marca própria de roupas que homenageava o tio, que também tem nome de gênio, assim como a maioria das pessoas da família de Einstein.
“Zweig era o nome do meu tio, ele era artista e quis fazer uma homenagem a ele e toda minha família. É importante para mim pensar numa criação que transforme e causa impacto positivo. Atendo muitas pessoas do meio artístico justamente pelas minhas provocações.