No dia da Visibilidade Trans, conheça Brenda e Felipe e suas histórias de superação 2n4n4m

Quando se fala em transgeneridade, muita gente não entende o conceito do que é. Não compreende como é não se sentir pertencente ao próprio corpo. Há uma tendência, quando se está diante do desconhecido, de minimizar o sentimento do outro, ou só criticar. Nesse sábado (29) é celebrado o Dia da Visibilidade Trans no Brasil. Um marco histórico na luta pela igualdade.

Hoje, o Primeira Página vai contar a história de duas pessoas que se entendem como transgênero. Trabalham, estudam, se relacionam afetivamente e são felizes com a aparência que lutaram para conquistar. Sim, lutaram, porque o processo de transsexualização a por terapias com hormônios, psicólogos, amparo familiar e social.

A Brenda Lima tem 37 anos e é atendente de caixa em um salão de beleza de alto padrão em Cuiabá. Ao portal, ela contou que sua infância não apresentou traumas, e que sempre se sentiu diferente, pois não se sentia enquadrada no sexo masculino, o de seu nascimento.

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Benda Lima trabalha em um salão de alto padrão, em Cuiabá (Foto: Arquivo pessoal)

“Na adolescência a veio o boom, pois com a chegada da puberdade os hormônios me deram um ar mais andrógeno o que só dificultou minha trajetória. Mas sempre muito criativa e artística, me joguei nas aulas de teatro e interpretação. Vi ali a oportunidade de me “travestir” em público com a ressalva de se tratar de algo artístico para o teatro e me amei logo de cara”, conta.

Após essa experiência, junto com alguns amigos gays, ou a se montar para apresentar como drag queen, fazendo shows em casas noturnas. Com o tempo, ela conta que já não queria mais sair “desmontada”.

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“Com o falecimento do meu pai, me mudei para São Paulo e lá, em silêncio, iniciei minha transição. Fiquei isolada por longos três anos sem dar notícias, o que gerou o desespero da minha família. Após esse período, retornei a Cuiabá de férias e revelei para minha mãe tudo o que estava fazendo em busca de minha felicidade. Ela, prontamente, me acolheu demonstrando seu imenso amor por mim”

Ser visível é ter respeito 2f6l4n

Para Brenda, o dia 29 de janeiro é muito importante para que todos tenham consciência de que os trans têm pais, mães, família e que, independente de qualquer coisa, merecem respeito. Ela compartilhou com o Primeira Página um pouco do seu cotidiano, que é bem corrido no trabalho.

“Tenho um dia-a-dia bem corrido. Acordo às 5h para correr. Vou para o salão onde fico até às 22hs, aproximadamente, ou até fechar o salão após a última cliente. Aos finais de semana, busco programas mais caseiros como assistir séries e filmes. Quando estou mais animada, vou a festas e eventos com amigos”.

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Brenda ou três anos se escondendo da família, durante processo de transição (Foto: Arquivo pessoal)

Ser visível é ocupar lugares de destaque 3k4q39

O mercado de trabalho, na maioria das vezes, não abre espaço para o público que não é classificado como heteronormativo (conceito que acredita que apenas relacionamentos entre homem e mulher são normais). São mais facilmente aceitos os homossexuais, no entanto, pessoas trans encontram dificuldades para se firmarem em empregos formais.

Não é o caso do Felipe Almeida, 23 anos. Morador de Cuiabá, ele quebra paradigmas quando atua como Bombeiro Civil e personal trainer, além de fazer faculdade de Educação Física. Ainda que ele esteja, hoje, com uma vida estruturada, contou ao Primeira Página que não foi fácil conseguir respeito.

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Felipe Almeida é Bombeiro Civil em Cuiabá (Foto: Arquivo pessoal)

“Minha infância foi como de qualquer outra criança feliz, até os 7 anos. Quando entrei na pré-adolescência as mudanças corporais começaram a surgir e os meus problemas com autoestima também. Juntamente desses, vieram os problemas com os pais, parentes e escola. Como eu era novo e o tema “trans” na época não era muito debatido, eu acabei sofrendo muito preconceito”.

Foi somente há 18 anos que o Brasil instituiu o Dia da Visibilidade Trans, quando em 2004 um grupo de ativistas transgêneros se manifestou no Congresso Nacional com o lema: “Travesti e Respeito”. O protesto marcou a luta por respeito a identidade de gênero no país.

“Sofri agressões físicas e psicológicas diárias da terceira até a sétima série. Foram os piores anos da minha vida. Eu vestia calça, chuteira e blusa de frio para esconder os seios, enquanto as meninas da minha sala usavam short-saia, maquiagem e exalavam feminilidade. A retaliação foi grande, principalmente por ser uma escola religiosa”.

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Felipe, além de bombeiro civil, é personal em uma academia (Foto: Arquivo pessoal)

Felipe conta que não era apenas na escola que o pesadelo de ser quem é o assombrava. “Em casa era uma briga, quase diária, para eu conseguir cortar o cabelo curto e usar roupas mais neutras. Minha mãe chorava para que eu usasse vestidos e saias”.

Busca pela aceitação 1u3m17

Na tentativa de suprir o sentimento de rejeição, Felipe conta que buscou “compensar” a família dando orgulho nos estudos. Ele se empenhou tanto que, apenas com 16 ano, ou em 1º lugar na faculdade Medicina Veterinária da UFMT (Universidade Federal de Mato Grosso).

“ava horas trancado no quarto estudando para que meus pais tivessem algum orgulho de mim. Mas não foi o suficiente. Aos 17, quando me assumi trans para os meus pais, tive a maior decepção da minha vida. Meu pai, na época, sugeriu até uma clínica de “tratamento” bem longe de Cuiabá. Nunca tive amigos, fui ter somente no ensino médio e depois da faculdade. Alguns parentes, poucos, aceitaram bem minha transição… outros não falam mais comigo”.

Felipe Almeida
Felipe antes da transição de gênero (Foto: Arquivo pessoal)

Pioneirismo 4f1jy

Felipe relembra que há cinco anos conheceu sua namorada, que o apresentou a academia. O local, se tornou para ele uma forma de se encontrar com seu próprio corpo e despertou a paixão pelos exercícios físicos e ajudar outras pessoas a terem mais saúde e autoestima. Além de hobby, virou um trabalho.

Foi lá dentro que me redescobri, me amei, tomei as rédeas da minha vida e encontrei minha verdadeira vocação para ser personal trainer. Faço tratamento hormonal e antes de iniciar fiz dois anos de terapia. O dia da visibilidade trans só teve mais significado pra mim depois que cresci. Quando pude enxergar a necessidade de ser visto e respeitado em qualquer lugar que eu esteja. Já não deixo pisarem em mim. Sou muito respeitado nos meus dois empregos, e por ser trans, sou o pioneiro nos dois. Aos meninos trans mais novos, inclusive aos que sempre tiram dúvidas comigo sobre a terapia hormonal, deixo a frase que sempre digo: Não existe sonho “grande demais” que não possa ser alcançado”.

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Felipe e sua namorada, que o incentivou malhar. O casal está junto há cinco anos (Foto: Arquivo pessoal)

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