Mulheres valentes: brigadistas voluntárias, indígenas protegem território em MT 2l3xo
Brigada feminina se destaca em MT fb1v
Proteger o território. Essa é a missão de 30 mulheres do povo Bakairi, da Aldeia Santana, no município de Nobres, a 121 km de Cuiabá, que são brigadistas voluntárias. Elas se somam aos homens e formam o Núcleo Comunitário de Defesa Ambiental do Território, onde a brigada é o braço de execução das atividades de prevenção e combate aos incêndios florestais.

No ano ado, elas iniciaram o curso de brigadista, que tem ao todo três módulos. Mas as mulheres contam que já atuam há muito tempo no combate aos incêndios no território.
“A Aldeia Santana fica entre fazendas, a gente sofre muito com o fogo. Na maioria das vezes nós, mulheres, e até as anciãs, iam apagar o fogo para não queimar nosso território, nossos animais. Todo ano é assim”, disse a liderança indígena Edna Rodrigues Bakairi.
A liderança relatou que o pior incêndio na comunidade aconteceu em 2020, quando não conseguiram controlar o fogo e ele destruiu uma grande extensão do território Bakairi.
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“Uma máquina de um fazendeiro pegou fogo e ele não conseguiu controlar, e o fogo adentrou o nosso território. Queimou todas as palmeiras e a gente não conseguiu palha para reformar as nossas casas, queimou as frutas, animais. Devastou o nosso território”, lembra.
Na época, eles pediram apoio do Corpo de Bombeiros, mas com a alta demanda no estado, não conseguiram profissionais para ajudá-los.
“A gente até saiu para tentar combater o fogo, mas não conseguimos. Solicitamos bombeiros de todas as partes, mas não fomos atendidos. Dessa forma foi importante fazer esse curso de qualificação para que a gente possa trabalhar em nosso território com segurança”.
O coronel aposentado do Corpo de Bombeiros Marcio Paulo Selva, que realiza o curso de forma voluntária em territórios indígenas, afirma que as mulheres Bakairi se destacaram entre as comunidades que realizaram a atividade.

“Para a gente foi uma supressa a participação das mulheres. Em todas as etnias que nós amos com o projeto, as mulheres têm uma participação muito grande, mas na Aldeia Bakairi foi a experiência mais positiva”, declarou.
Ao todo, o coronel já realizou o curso para mais de 300 indígenas em Mato Grosso, dos povos Umutina, Paresi e Bakairi. Neste ano, ele vai levar a qualificação para os povos Chiquitano e Kayabi.
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“Elas estão prontas para combater os incêndios nos territórios, mas precisam de equipamentos. O curso, por exemplo, não tem órgão que patrocina. Eu, com meus meios, que vou e dou o curso”, relatou o coronel.
Segundo Edna, na comunidade tem apenas 10 kits de combate ao fogo, o que é insuficiente para o número de voluntários indígenas que trabalham no território.
“Nós precisamos de abafadores, roupas adequadas, capacetes, calçados e kits de primeiros socorros. Nós só temos 10 kits, não tem para todo mundo. Temos a esperança de a gente ganhar, que as pessoas se sensibilizarem e nos ajudem”, finalizou.
Comentários (1) 1j10k
Parabéns ficou muito boa sua reportagem…Vc capitou a essência do projeto e descreveu de forma singular e objetiva.
Fica meu agradecimento.