Maciely deixou a fisioterapia para evangelizar através de arte sacra 495e42

Usar o dom que recebeu de Deus para levar amor e fé. É assim que a artesã campo-grandense Maciely Cristofoli Cavalli, de 37 anos, escolheu levar a vida. Por suas mãos, imagens sacras ganham cores e se transformam em bênçãos na casa de quem se encanta com o trabalho exposto em feiras da capital de Mato Grosso do Sul.

Maciely é fisioterapeuta de formação, mas viu no artesanato um novo caminho.

A história dela começa bem antes da primeira imagem pintada. É de berço. Quem conta isso é a mãe de Maciely, Cleuza Cristofoli Cavalli.

“Eu fazia crochê e ela tentava fazer também, mas não se saiu bem”, Cleuza
“Eu não conseguia, tinha vontade de arrebentar o fio”, Maciely
“Aí ela começou a pintar caixinha, ali do meu lado”

Cleuza Cavalli

Das caixinhas, Maciely começou a fazer bonecas de pano e por fim recebeu da prima o primeiro pedido para pintar uma imagem sacra: a Sagrada Família – Maria, José e Jesus.

A alegria daquele “presente” fez com que ela se aventurasse a fazer a mesma imagem para o próprio casamento; foi ela quem produziu e pensou em todos os detalhes da cerimônia: as lembrancinhas para os padrinhos e madrinhas, as taças dos noivos, o lenço para os pais e até bonecas para as daminhas.

A partir daquele momento, Maciely decidiu mergulhar no mundo das cores e da fé.

Se a fé católica herdou da família – que desde sua infância participava dos eventos da igreja – as técnicas para se tornar uma artesã profissional precisaram ser estudadas. Aos poucos, Maciely aprendeu a fazer as tintas para chegar ao tom que sente ser o certo, além de descobrir jeitos diferentes de fazer peças tradicionais, imprimindo sua identidade no trabalho.

“Sempre procuro trazer coisas diferentes para os meus clientes; tenho os terços de profissões, o terço bordado. Essa técnica só eu faço em Campo Grande”.

Maciely Cristofoli

Entre linhas, pedrarias, tintas e verniz, ela encontrou mais do que uma profissão; encontrou um meio de evangelizar!

“Quero que você olhe para ela [imagem sacra] e veja Deus. Cada peça que vendo, vai com um pedacinho de mim. Eu converso com as imagens, falo que elas vão abençoar o lar de alguém”.

Maciely Cristofoli

Maciely estuda a trajetória de cada santo que pinta e assim, a a história para quem se aproxima da sua banca nas feiras.

As cores e os detalhes que dão vida à imagem também são pensadas com carinho; mesmo que seja necessário comprar e arrebentar um colar para ter a pedra ideal. E foi assim, que ela também descobriu a própria devoção.

“As pessoas perguntavam a que santo eu era devota e eu não sabia responder. Aí comecei a perceber que demorava mais que o normal nas imagens de São José, que depois que terminava não queria vender. Foi assim que descobri minha devoção”.

Maciely Cristofoli

Mas não é só sobre a sua fé. São dias dedicados ao outro. A levar e incentivar a devoção das famílias, por isso, ela sempre busca ouvir e encontrar os santos pedidos por quem conversar com ela; foi assim com a Nossa Senhora do Pantanal; uma imagem difícil de encontrar, mas que Maciely fez questão de pintar para os devotos de Mato Grosso do Sul.

O sentimento transmitido para as peças é tanto, que quando não está bem, Maciely faz o que geralmente é impossível para ela: para de produzir.

Nos dias normais, de manhã ela se dedica a trabalhar no depósito de material de construção da família e todo o resto do dia as suas peças.

“Para mim não é trabalho, eu não sinto. Vejo filmes fazendo minhas peças, é minha terapia.

Maciely Cristofoli

Há três anos, Maciely expõe suas peças em três feiras: a Bosque da Paz, a Feira Mixturô, na Praça do Peixe e a feira do Coopharádio. Seu trabalho também pode ser visto no Instagram.