Ferida no peito: avó de Mirella Chuê não verá a neta completar os esperados 15 anos 11m6j
Relembrando o caso e falando da saudade que permanece no peito, a avó de Mirella, Claudina Chuê, contou ao Primeira Página sobre a vontade de ter visto a criança realizar tudo que sonhava. l2j5v
A tão esperada festa de 15 anos, as novas experiências e responsabilidades, os novos momentos de quem deixa de ser criança e entra na adolescência. Todas essas possibilidades foram tiradas de Mirella Poliana Chuê, que completaria quinze esta semana, se não tivesse sido envenenada e morta pela própria madrasta em 13 de julho de 2019, em Cuiabá.
Relembrando o caso e falando da saudade que permanece no peito, a avó de Mirella, Claudina Chuê, contou ao Primeira Página sobre a vontade de ter visto a criança realizar tudo que sonhava e sobre suas duas perdas: a filha e a neta, em questão de anos.
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Nesta semana, a filha e a neta de Claudina estariam fazendo aniversário. A avó descreve o momento como uma ferida que ela ainda está aprendendo a lidar.
Atualmente, Claudina trabalha no mesmo hospital em que a neta ficou internada antes de falecer.
Durante a gestação, a mãe de Mirella ainda vivia na casa da mãe, e quando faltavam apenas quatro meses para o nascimento da filha, é que Poliane se mudou para a casa do noivo, pai de Mirella.
Após a morte da filha, Claudina perdeu as forças e quase não conseguia ter e emocional para cuidar da neta. Por isso, Mirella ou a ser cuidada pelos avós paternos e ava alguns finais de semana com a avó materna.
Morte de Mirella 22q5h
Mirella morreu com 11 anos de idade, em 13 de julho de 2019, depois de ter ficado internada por diversas vezes e por causas não diagnosticadas.

Após investigações policiais, foi possível descobrir o que a avó materna já suspeitava: a criança estava sendo envenenada, há dois meses, pela madrasta, Jaira Goncalves de Arruda Oliveira, que foi condenada, em 2021, a 26 anos e oito meses de prisão em regime fechado.
O que teria motivado o crime, como apontam as investigações, foi o interesse de Jaira pela herança que a enteada recebeu por causa da morte da mãe.
Segundo dona Claudina, dois anos depois da morte da filha, ela teve forças de entrar na Justiça para tentar provar uma negligência médica, pois Poliane teve uma hemorragia momentos após Mirella nascer.
A decisão judicial comprovou a negligência e, por isso, avó e neta ficaram com um valor de R$ 800 mil como indenização.
Envenenamento 2xm3f
Durante o tempo em que vinha sendo envenenada, Mirella ava mal e era levada ao hospital, onde ficava internada de três a sete dias e, depois, melhorava. Ao retornar para casa, ela voltava a adoecer.
Ao todo, foram nove internações em dois meses. Ela recebia diagnósticos de infecção, pneumonia e até meningite. Na última vez em que foi parar no hospital, a menina já chegou morta.
Na época, a DHPP (Delegacia Especializada de Homicídio e Proteção à Pessoa), foi acionada para investigar as causas da morte, que não apontavam violências físicas. Após perícias, foi detectada a substância venenosa no sangue da menina.
A avó de Mirella relembra um dia em que a neta chegou em casa pedindo ajuda, pois estava ando mal com dores. De acordo com a avó, a menina tinha sinais do envenenamento, parecia sempre estar dopada quando voltava da casa do pai e sempre vivia perguntando às tias e à própria avó por que é que não conseguia sarar.
A avó conta, ainda, que até hoje se pergunta porque Jaira teve a capacidade de tirar a vida de Mirella e todas as possibilidades de vida que a menina ainda tinha pela frente.
Mimi, como era carinhosamente chamada pela avó, completaria quinze anos de vida na última terça-feira (22), se ainda estivesse viva. Mas agora, dona Claudina relembra não só os feitos que a neta ainda poderia realizar, mas como o tempo vem ando e a saudade apertando desde que ela faleceu.
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O processo do crime e da morte de Mirella tem mais de 3 mil páginas e reúne depoimentos de dezenas de testemunhas, laudos e relatórios de perícias.
De acordo com a denúncia, a madrasta levou Mirella 12 vezes a hospitais no período em que colocava veneno na comida dela, mas sempre em hospitais diferentes para não levantar suspeitas, até que a menina teve uma parada cardíaca e morreu.
Jaira está presa desde setembro 2019 na Penitenciária Feminina Ana Maria do Couto, em Cuiabá.