Da “microaldeia” Córrego Seco para o 1º lugar em Medicina: conheça a futura doutora Amanda 303s10
Indígena de 20 anos sonha em atuar onde nasceu 2q31n
“Ainda acho que vou acordar e ver que tudo isso foi um sonho”. É assim, com os pés nas nuvens, que o Primeira Página apresenta Amanda Caetano Amorim, de 20 anos, indígena que garantiu o primeiro lugar em Medicina na UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul) para a turma que começa em 2022 os estudos para se tornar “doutores e doutoras”.
Amanda foi a mais bem classificada de um total de 32 estudantes de origem indígena que tentaram uma das três vagas para a cota dedicada aos povos originários. Ao todo, o curso de Medicina da UEMS oferece 25 vagas.
A futura médica nasceu e cresceu na “microaldeia” Córrego Seco, como ela mesmo define, próximo a Aquidauana, noroeste do Estado. E desde pequena, a indígena da nação Terena, afirmava com exatidão o desejo de se tornar médica.
“Desde que entrei na escola, desde que aprendi a ler (risos). Nem sabia nada da vida e eu dizia que ia ser médica. Todo mundo dizia que era o curso mais concorrido e o mais ‘top’”, lembra Amanda.

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Na época, a jovem foi lembrada pela própria mãe, Patricia Caetano, que algumas pessoas não acreditavam no grande sonho da criança. “Às vezes ouvia até risadas”, disse. A descrença, segundo ela, tem motivo.
“Na minha aldeia, quase ninguém entrava no ensino superior. Quase todos os profissionais que atendiam aqui eram não-indígenas. E quando entrei na adolescência, lá pelos 13/14 anos foi que eu entendi que realmente o curso superior era um sonho distante pra maioria das pessoas’, recorda.
Neste período, Amanda criou consciência da dificuldade e decidiu pedir aos pais para estudar no IFMS (Instituto Federal de Mato Grosso do Sul). “Era a melhor escola que eu poderia estar, sem ser uma particular”, afirma.

Pais inspiradores a4v2i
Porém, Amanda teve mais motivos para ingressar na Medicina. Afinal, os pais também estão na área da saúde. A mãe Patricia, por exemplo, entrou na faculdade de Enfermagem aos 34 anos.
“Ela sempre foi de um lado pro outro cuidando da comunidade. Minha maior força”, declara Amanda, que torce para, daqui a seis anos, exercer a profissão ao lado da matriarca. Já o pai, Paulo Marcio Amorim Dias, não fica para trás: era motorista de ambulância.

Agora, um dos desafios da futura médica é deixar a terrinha e vir morar na capital sul-mato-grossense. “Eu amo a quietude e tranquilidade da minha aldeia”, revela Amanda. Nesta nova caminhada, irá morar com a irmã, que estuda Direito na UFMS.
“A gente é capaz!” 125sx
Formada, Amanda tem ainda o desejo de atuar na aldeia e mostrar que um indígena, assim como ela, pode entrar em uma universidade e se formar. E sobre isso, ela deixa um baita recado.
“É apenas acreditar e tentar estudar. A gente sempre tem que tentar começar de algum lugar e trabalhar com o que tem. A gente é capaz!”, finaliza.
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