Jaqueline Naujorks

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Comparação feminina: a injustiça é filha da falta de oportunidade 6j1055

Comparar-se com outras mulheres é pedir para adoecer 6s6m4z

Quem não tem aquela prima que está muito bem de vida porque ou num concurso/estudou medicina/casou com um cara rico, e que nossas mães/tias/avós não conseguem evitar de nos comparar? “Olha filha, fulana tá com o marido e os filhos em Paris” enquanto você está de pijama e cabelo sujo, comendo pipoca no sofá de casa em pleno sábado, com o cartão de crédito estourado. Por mais que você revire os olhos diante do comentário, ele bate. E precisamos questionar de onde vem esse costume de comparar mulheres.

@jnaujorks #mulherbatalhadora #empoderada #jaquelinenaujorks #mulherde40 ♬ som original – Jaqueline Naujorks

Antigamente, lá pelos anos 1950, mulheres começavam a competir aos 15 anos, no baile de debutantes – que por sinal, servia para dizer à sociedade que aquela menina já estava disponível para o casamento. As famílias se viam loucas para “ar o problema adiante” e arranjavam casamentos tão logo a garota menstruasse. Eram muitos filhos para sustentar, então quanto mais cedo a filha moça casasse, melhor para os pais: era uma boca a menos para alimentar.

Essa corrida pelo casamento significava uma competição de vida ou morte. A mais abençoada pela genética, bem-tratada pelas boas condições da família, magrinha, olhos claros, casava logo com o mais rico. Era o equivalente à sua prima bem-sucedida. As demais tinham que se digladiar pelos próximos na linha de patrimônio, e tinham pouco tempo. Precisavam garantir um marido antes que envelhecessem – ou seja, chegassem aos 18 anos.

Hoje a comparação é diferente, mas a raiz do que nos torna desiguais é a mesma.
O que diferencia a linha de chegada das mulheres, é uma coisa chamada ‘Oportunidade’.

Sua prima teve um futuro melhor porque sempre viveu bem, estudou inglês, a família pagou boas escolas, bons cursinhos, um apartamento para ela estudar na capital, mandava mesada. Enquanto isso, você começou a trabalhar aos 18 anos, adiando a graduação, porque se não ganhasse dinheiro não teria o que comer. Enquanto sua prima estava vivendo, você estava sobrevivendo.

Enquanto você estava trabalhando para bancar sua faculdade, a mulher com quem você se compara estava só estudando em tempo integral porque não precisava trabalhar. Enquanto você financiou seu carro usado em 48 vezes, a mulher com quem se compara ainda mora com o pai, que banca todas as despesas, e o trabalho dela paga só a prestação do seu carro zero.

Enquanto você estava criando sua filha sem ajuda nenhuma, a mulher com quem você se compara estava recebendo mesada. A princesinha que está na rede social biscoitando de biquíni, nunca precisou pagar nem o próprio papel higiênico. Assim fica fácil andar de unha feita, né? A famosa guerreira de roupão. Ela teve oportunidades que você não teve, desde uma família estruturada, até uma mesa onde nunca faltou pão.

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A comparação adoece a mulher, porque aspectos da desigualdade não são levados em conta (Foto: Ilustrativa | Crédito: Agência Brasil)

Enquanto você malha todo dia e vive de ovo cozido, a influencer com quem você se compara faz duas lipoesculturas por ano. Você consome o conteúdo e enriquece influenciadoras que compram bolsas de R$70 mil, enquanto você tenta juntar esse dinheiro ao longo de anos, para dar entrada num apartamento.

A realidade feminina é tremendamente desigual, e isso não seria um problema se não tivéssemos herdado das mulheres de 1950, o horrível costume de nos comparar.

A comparação adoece a mulher, porque esses aspectos da desigualdade não são levados em conta. Uma mulher obrigada a batalhar para sobreviver desde cedo, tem uma percepção de mundo diferente daquela que recebe cafuné de pai e mãe todo dia. A mulher abandonada pelo genitor dos filhos, quando vai ao parquinho, vê a outra mãe acompanhada de um marido cuidadoso, e se sente mal. Aqui podemos colocar infinitas questões de saúde física e mental.

Se você casar cedo e for amparada por um bom marido, vai olhar para sua vizinha solteira, amaldiçoar a monotonia e intimamente desejar a liberdade dela. A vizinha, ao chegar da balada numa noite fria, vai olhar pela sua janela e ver você abraçada com seu marido no sofá, e intimamente vai desejar sua vida estável.

Se você não teve outra opção na vida a não ser lutar para sobreviver, não se compare com mulheres que tiveram mais oportunidade que você. Da mesma forma, lembre que existem outras que tiveram ainda menos oportunidade, e se comparam, diminuindo a própria luta diante da sua. Ajude a puxar essas mulheres para cima, incentive, dê o seu exemplo, e inspire batalhas em patamares mais altos.

Não invalide a sua luta porque a luta da outra parece mais fácil. Cada uma de nós tem sua batalha, e só a gente sabe onde o sapato aperta. A caminhada é dura para qualquer mulher, se colocarmos menos energia em competir, e mais em incentivar, teremos duas mulheres fortalecidas caminhando lado a lado. Sucesso é sobreviver nesse mundo cão com dignidade.

Este conteúdo reflete, apenas, a opinião do colunista Não Sou Obrigada, e não configura o pensamento editorial do Primeira Página.

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