Casa sem muro na avenida Afonso Pena é demolida para dar lugar a fast food 3651y
A casa sem muros da avenida Afonso Pena com a rua Bahia foi lar da família do pediatra Eduardo Nachif 1r4f1r

Quem a pela esquina da avenida Afonso Pena com a rua Bahia começa a se despedir da casa sem muro e nem portão que durante 45 anos foi parte da história de Campo Grande. As telhas que hoje alcançam o chão foram teto para a família de um dos pediatras mais queridos da cidade, Eduardo Nachif.
Construída em 1977, à época em que o asfalto da Afonso Pena “morria ali”, o projeto do arquiteto Eristal Del Carlo fazia nascer as memórias afetivas que agora vêm à tona. De área construída, o terreno mede pouco mais de 800 metros quadrados, e pelo menos 100 deles eram destinados ao jardim de médico.
Nesta semana a demolição do imóvel deu seus primeiros os.

Talvez por ser esquina, pelo tamanho ou ausência de muros, grades e portões, a casa tenha se tornado histórica para a cidade, e todo mundo parece ter uma narrativa ou curiosidade quanto aquele imóvel.
“Hoje estou me sentindo nostálgica vendo demolição desse belo casarão na Afonso Pena esquina com a Bahia”. A postagem feita em um grupo de amigos do Facebook veio acompanhada de fotos do que foi a casa vista de cima, e consequentemente, uma enxurrada de comentários.
Há quem feche os olhos e consiga rever a cena do pediatra chegando à porta de entrada pela rua Bahia. Era ali que ele atendia aos pacientes em uma emergência ou final de semana. Um consultório “extra” feito dentro de casa.
Se as paredes brancas com peculiares arredondados falassem, contariam o que viram ao longo de quatro décadas. A extensão de uma avenida, o trajeto para o primeiro shopping. Portas e janelas que foram testemunhas de eatas e manifestações.
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Detalhes de casarão. (Foto: Paulinha Maciulevicius) Janelas viram ar crescimento da cidade. (Foto: Paulinha Maciulevicius) Da rua até a porta apenas quatro degraus restringiam a entrada de visitantes. (Foto: Paulinha Maciulevicius)
Aos poucos, a Afonso Pena foi perdendo a cara de residência e ganhando ar comercial, junto do fluxo de vai e vem de carros. Em menos de 30seg, o semáforo abre e a gente não consegue sequer saber o nome de quem suspira por ali.
“Essa é uma casa super bonita. Eu cheguei aqui há 30 anos e ela já existia”, narra a condutora sem ter tempo de se apresentar.
Estudante, João Vitor dos Santos, de 21 anos, a todos os dias por ali a caminho da academia. “Eu nunca entendi essa casa. E hoje que estou ando que vi que começou o processo de demolição”, comenta.
Tendo o trabalho como vizinho da casa na última década, o serviços gerais Carlito Pereira, de 47 anos, acredita – comparando à data do prédio ao lado – que o imóvel tenha pelo menos uns 40 anos. “Desde quando eu trabalhava aqui, sempre existiu. Era um monumento para a cidade”, descreve.

Fast Food 2gg6m
A viúva do pediatra, dona Celina Nachif, deixou o imóvel há cerca de nove anos. Trocou a casa sem muro por um condomínio. Procurada pela equipe, preferiu não falar.
Como era de se esperar, por telefone, o filho Leonardo Nachif afirma que no local será uma rede de fast food do grupo Madero, o Jeronimo Burger.
Sobre a despedida, afirma ser um ciclo natural. “É uma casa que uma hora teria de ser demolida, para dar espaço a alguém que a ocue com uma oportunidade. As lembranças ficarão na memória”.
O processo de demolição ainda deve levar mais 20 dias.
Comentários (1) 1j10k
Nossa, essa casa deveria ter sido tombada pelo patrimônio histórico. É uma pena …