Bebê nômade, Liam conhece a estrada desde a barriga da mãe g151c

Com apenas três meses de idade, Liam já pode ser considerado um viajante nato. O bebê campo-grandense cresceu na estrada, dentro da barriga da mamãe Thaynara, e com o pai, Guilherme, conduzindo a kombi. Foram meses percorrendo cidades brasileiras, descobrindo o mundo ao lado da família.

O sonho, segundo a mamãe, era dela, mas toda a família embarcou na ideia. “Eu já viajava sozinha, fiz voluntariado por uma plataforma chamada Worldpackers, onde você troca seu trabalho por hospedagem e alimentação. E como meu trampo é on-line, deu certo, mas nessa época eu havia deixado meu carro aqui. Com a pandemia fui morar na minha chácara e lá recebia voluntários também, com suas histórias nômades tive a ideia de sair por aí de kombi. Pra você ter uma ideia, eles viajavam de bike”, ri a campo-grandense, Thaynara Rocha Lima, 32 anos.

Guilherme Burzynski Dienes, que é advogado, professor e estudante de mestrado, relembra que o momento era propício a viagens de carro, pela possibilidade de continuar com as atividades de trabalho e estudo remotamente.

“Um dia ela viu o anúncio na internet de uma kombi usada e perguntou para mim se eu embarcaria nessa viagem e eu aceitei. Eu estava realizando minhas atividades e aulas à distância e lendo bastante. Estava cansado do período de lockdown que tinha vivido no interior de São Paulo, onde em Franca fecharam por 2 semanas farmácias e supermercados de forma presencial”, relembra.

Decidida, em 2021 ela vendeu o carro e comprou a kombi. “Então viajamos”, diz Thaynara. Calma, que nem tudo foi tão fácil. “Foi um sufoco para regularizar a kombi e efetivar a transferência, tem todo um processo istrativo específico no Detran para regularizar motorhome”, diz Guilherme.

Profecia cigana e chegada de Liam 656s34

A primeira viagem foi um teste pelo interior do estado. Na mala rumo a Bonito e Bodoquena, apenas uma a de arroz emprestada, usada até como chaleira para o café, e uma sanduicheira elétrica. “Se você coloca papel laminado na superfície dela, consegue cozinhar vários alimentos”, dá a dica Guilherme.

 

 

 

 

 

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Na volta da primeira viagem, uma cigana resolveu fazer uma revelação aos dois: um bebê estava a caminho. “Uma cigana nos disse que eu estaria grávida, isso na nossa primeira viagem, ou seja, o Liam está conosco desde o início em Bodoquena. Em homenagem a ela e também porque eu tiro cartas, que a kombi se chama Cigana”, frisa.

“Ela ficou com isso na cabeça e na volta da viagem, fez o teste e deu positivo para o nosso filho”, relembra Guilherme.

Com o teste em mãos, o casal nunca pensou em desistir dos planos iniciais. “O que eu mais queria era viajar, o bebê me deu mais motivação ainda. Ele não me deu trabalho nenhum, não senti enjoo, nem nada, graças a Deus”.

Na lista de lugares visitados pela Kombi Cigana, cada um tem uma história especial.

“Acho que o mais marcante foi o ultrassom no Rio de Janeiro, onde escutamos o coração de Liam pela primeira vez. Outra parte foi quando fomos de Capitólio até Campos de Jordão em 13 horas de viagem, altos perrengues, pegamos estradas lindas com e sem asfalto em Minas Gerais, onde comemos o melhor pastel da viagem num trailer no meio do nada”, frisa Thaynara.

Os dois só voltaram para Campo Grande em janeiro de 2022, para cuidar da reta final da gestação e “arrumar nosso canto aqui”, diz Guilherme.

União na estrada 262s13

Para Thaynara e Guilherme, o tempo na estrada só fortaleceu a relação dos dois, preparando para a chegada de Liam.

“Nos conhecemos há muitos anos mas acabamos ficando juntos na metade de 2021. O convívio na estrada faz você sempre estar cuidando um do outro e dialogando sobre tudo da vida, o que tem de bom e de ruim, experiências positivas e negativas, todas vivências inseparáveis da nossa vida cotidiana. Acho que muito da vida não é limitar o que pode acontecer ao seu querer, mas identificar o que você não quer mais ar, o que você quer mudar. Muito do espírito nessa reta final da pandemia foi isso: um esforço para superação, uma permissão para sonhar mesmo vivendo esse pesadelo”, afirma o papai.

Para Thaynara, o momento foi marcante. “Creio que foi uma das coisas mais marcantes que fiz e fizemos, viajar de kombi, grávida, conhecendo tanta gente legal por aí! Todos falando sobre seus sonhos de ter uma kombi. Nos fez querer não sair da estrada. Só voltamos mesmo pra achar o médico pra continuar o acompanhamento, pois nós fizemos o acompanhamento da gravidez em cidades diferentes, como Franca, Rio de Janeiro e Cabo Frio ? Creio que essa experiência vai ficar pra sempre e não vemos a hora de viajar com o bebê nômade Liam">Quero deixar minha opinião!