A última canção: Caju musicou amor aos filhos antes de partir para eternidade 15253y
O desafio de gravar a canção, batizada de "Vale a Pena", era imenso. Alexandre estava debilitado, respirando com o auxílio de oxigênio 4p726d
No silêncio de um leito hospitalar em Campo Grande, enquanto travava sua batalha final contra um câncer em estágio terminal, o cantor adventista Alexandre Campos, carinhosamente conhecido como “Caju”, revelou um último e profundo desejo ao seu amigo, o músico Alexsandro Nogueira.
Ele queria que sua voz, sua paixão, fosse eternizada em uma canção nas plataformas digitais.

Alexandre, que partiu em janeiro deste ano, era um apaixonado pela música desde sempre. Na década de 90, fundou o grupo gospel Ângeluz, que marcou época com três álbuns. Contudo, a era digital não havia alcançado essas gravações, e as canções de Caju permaneciam fora do alcance de muitos.
Após o fim do grupo, a vida levou Alexandre para Corumbá, a 413 km de Campo Grande, onde ele, com resiliência, trabalhou como pedreiro. Mas em 2022 veio a notícia que mudaria tudo, o diagnóstico de câncer nos rins. Apesar da cirurgia e dos tratamentos, a doença se espalhou pelo corpo.
Foi durante a internação, em um momento de fragilidade e ao mesmo tempo de uma força inabalável, que o pedido veio. Alexsandro conta que Caju fez o pedido com a simplicidade de quem sabia que o tempo era curto, mas que a mensagem de esperança e o amor pela música precisavam continuar.
“Na hora, não consegui reagir. Acho que nem percebi o tamanho daquele pedido”, confessa Alexsandro Nogueira.
Dê o play e ouça agora a música 3o7254
Movido por essa promessa e pela urgência do momento, o amigo correu contra o tempo. “Escrevi a letra em poucos minutos, como um testemunho de fé. Mandei para meu cunhado colocar a melodia”, recorda.
O desafio de gravar a canção, batizada de “Vale a Pena”, era imenso. Alexandre estava debilitado, respirando com o auxílio de oxigênio.
A solução? Uma improvisação emocionante: o gravador do celular, envolto em um cobertor do próprio hospital, capturou a essência daquele sonho.
O pedreiro cantou a música por partes, ao longo dos dias, em um esforço que demonstrava sua paixão e sua fé inabaláveis.
Após a gravação, um trabalho delicado de pós-produção foi iniciado. Com a ajuda da inteligência artificial, o áudio foi tratado para remover o som do oxigênio e do ambiente hospitalar, permitindo que a voz de Caju brilhasse.
A música ganhou ainda mais força com as participações de Ronaldo Fagundes, Gissela Kroll, Karin Kiefer, Patrícia Lessa e Leonardo Martins.
Alexandre faleceu um mês antes da conclusão total da música, tendo escutado apenas a primeira parte do trabalho. No entanto, seu desejo foi realizado. “Vale a Pena” já está disponível nas plataformas digitais, ecoando sua mensagem de fé e esperança. (Ouça acima).
“É um testamento de fé e um registro final de quem escolheu cantar até o fim. A música é uma mensagem de esperança”, resume Alexsandro, com a voz embargada pela emoção.