Presença 27244a
Filme de terror sobrenatural funciona melhor graças à vibe do sucesso da minissérie Adolescência 3b2c3j
Não fosse a minissérie Adolescência, Presença (Presence, EUA, 2024), aria despercebido pelos cinemas brasileiros.

Apesar de ter na direção um nome de peso como Steven Soderbergh (de Sexo, Mentiras e Videotapes, Onze Homens e um Segredo, Erin Brockovich), o filme não empolga com o argumento de mostrar a visão de uma entidade ao ter sua casa “invadida” por novos moradores encarnados.
Já em relação – e aqui está o paralelo com o sucesso da Netflix – à falta de atenção que os pais dispensam aos filhos adolescentes hoje em dia, é interessante ver como a inclusão de um elemento sobrenatural funciona bem nessa vibe levantada pela produção do streaming.
Se você não sabe o que é minissérie Adolescência, segue aqui o link pra acompanhar do que se trata, ok?
No filme de Soderbergh, uma família se muda para uma nova casa. O imóvel é mais perto da escola onde o filho mais velho do casal estuda e treina para ser um grande sucesso na natação norte-americana.
Rebekah (Lucy Liu) e Chris (Chris Sullivan) também são pais de Chloe (Callina Liang), uma adolescente que acaba de perder a melhor amiga supostamente num suicídio.
Aos poucos, a entidade que habita começa a se inteirar dos hábitos e comportamentos daquela família.
O espírito vê que os quatro vivem em conflito.
A mãe trabalha fora, aparentemente, num negócio ilegal e quando está em casa, só dá atenção ao filho.
O pai não gosta nem do trabalho suspeito e muito menos do jeito que Rebekah menospreza a filha em detrimento do rapaz.
Chloe fica isolada no quarto e reclama da falta de atenção em momento tão delicado. Um momento em que precisaria de vigilância dos pais para não ter o mesmo destino da amiga morta.
E, por fim, Tyler (Eddy Maday), um menino machista que trata as colegas de colégio como objeto e só pensa em se enturmar com os garotos mais populares.
E um desses amigos é Ryan (West Mulholland).
Que a a frequentar a casa e a flertar com Chloe.
Mas as intenções do rapaz não são as melhores.
E são percebidas pela entidade que a a interferir não só nesse relacionamento, mas em toda a convivência da família.
A presença é como se fosse o espectador.
Vê o que estamos vendo.
Indigna-se com o que estamos presenciando.
Age como gostaríamos de agir.
Seja isso assustador ou não.
É muito bom ver que Soderbergh, que possui um nome de peso no cinema, se uniu a essa vertente que busca alertar os pais sobre a necessidade de estar com seus filhos.
Se na minissérie, o pai não conhecia o lado violento do filho, no filme, os pais não percebem o perigo que corre a filha.
Em ambos os casos, não desconfiam que as consequências dessa ausência acabam respingando de forma dolorosa neles mesmos.
A Presença é um filme bacana.
Nada inesquecível como sucessos do diretor.
Mas vai garantir um bom entretenimento.
Um plot twist decente e um final que nos deixa de boca aberta.
Principalmente para deixar sair dela palavras necessárias.
Sobre como podemos voltar a viver como família, olhando uns para os outros com frequência, trocando confidências, recebendo apoio e deixando claro que nossa presença é natural e contínua.
Deste e não de outro mundo.