Santuário faz homenagem a Lady, elefanta que morreu aos 52 anos
A elefanta viveu anos em cativeiro até ser resgatada. Ela viveu no santuário por cerca de 4 anos
O Santuário dos Elefantes, localizado em Chapada dos Guimarães, a 65 km de Cuiabá, que foi lar de Lady por 4 anos, até sua morte na última semana, compartilhou uma homenagem emocionante à elefanta neste domingo (19) pelas redes sociais. No vídeo, o animal aparece feliz brincando em um lago. (Veja o vídeo abaixo)
A elefanta Lady que morava no Santuário morreu na noite de quarta-feira (15). Conforme o santuário, ela foi humanamente eutanasiada depois de se deitar e não demonstrar qualquer interesse em levantar-se novamente. Não há registros de seu nascimento, mas ela tinha aproximadamente 52 anos.
A publicação feita pela organização celebra o amor pelos momentos selvagens de Lady no Santuário. A elefanta que viveu tantos anos em cativeiro, parecia reconhecer sua liberdade sempre que estava em contato com a água.
“Sabíamos que ela adorava água; ela estava constantemente chapinhando na lama e no bebedouro. Mas na verdade não a vimos entrar completamente no lago, embora soubéssemos que ela estava entrando. Enquanto os outros elefantes estavam no recinto 5, abrimos o recinto 4 para Lady e ela saiu correndo – no ritmo dela -, indo diretamente em direção ao lago”, relata o texto da postagem.

Ainda sobre o dia do vídeo, a postagem conta que a elefanta estava sentada, com o bumbum no chão do lago, esfregando-se para frente e para trás, em ritmo total de brincadeira.
“Incluímos o clipe de Lady saindo do lago para mostrar a força que ela desenvolveu no santuário. No típico estilo Lady, ela saiu da água por um caminho um tanto difícil. Lady parecia se soltar completamente quando estava na água. Este foi um daqueles momentos em que seu coração se sente satisfeito com o que o santuário pode realmente proporcionar aos elefantes e com o quanto as pequenas coisas realmente significam para eles”, finaliza a publicação.
“Em memória de Lady”
Lady morreu na última quarta-feira (15).
Conforme o Santuário dos Elefantes, antes de se deitar, parte de sua rotina era receber analgésicos três vezes ao dia.

Uma pessoa da equipe estava com ela às 22h de segunda-feira e ela estava parada ao lado da grande e linda árvore no primeiro recinto do habitat para machos asiáticos; ela costumava encostar a parte traseira no tronco da árvore e dormir. Às 6h, ela foi encontrada deitada no segundo recinto do mesmo habitat.
“Verificamos para ter certeza de que ela estava viva, mas ela estava parada e quieta e não deu qualquer indicação de que queria fazer outra coisa senão ficar onde estava”, diz trecho da publicação.
“Ela dormia e, ao ser abordada, abria os olhos e olhava para você, mas depois voltava a dormir. Ela foi monitorada durante todo o dia de terça-feira, continuou recebendo analgésicos, mas não houve alteração em seu estado. Na manhã de quarta-feira, toda a nossa equipe veterinária esteve aqui, incluindo Mateus, Dra. Trish e Dra. Luciana, veterinária de equinos contratada que faz visitas quinzenalmente. Como um grupo de pessoas que trabalha com Lady o tempo todo, nós a avaliamos e tristemente concordamos que Lady parecia ter parado de lutar e estava pronta para partir”.
De acordo com o santuário, há seis meses a elefanta sofreu uma crise de inflamação. Ela teve uma pequena recuperação quando foi medicada com um remédio homeopático e ela conseguia dobrar os cotovelos e deitar-se novamente.
No entanto a recuperação durou pouco e começou a tornar-se evidente que ela poderia não atingir a recuperação esperada. Na semana ada, as equipes viram uma mudança maior no comportamento do animal e “aquelas coisas que faziam dela a Lady estavam começando a desaparecer lentamente”.
“Uma das coisas que dizemos a todos os nossos elefantes é: vocês lutam, nós lutamos. Trabalharemos sempre para ajudar um elefante que ainda se esforça para viver. Oferecemos água para Lady, água de coco e Gatorade, mas ela simplesmente colocava na tromba e cuspia. Ela não estava muito interessada em comida, e quando lhe dávamos alguma coisa para comer, na maioria das vezes ela apenas segurava na boca até adormecer, e então a comida simplesmente caía. Ela demonstrou algum entusiasmo quando lhe ofereceram Froot Loops [cereal] depois de coletarmos uma amostra de sangue, mas parece que quase nenhum elefante pode recusá-los”.
O Santuário dos Elefantes conta que especialistas de todo o mundo foram consultados sobre seus cuidados e tratamentos, desde zoológicos a santuários e instalações humanas e equinas. Foram tentadas medicina tradicional, terapias complementares como laserterapia, homeopatia, trabalho energético, qualquer coisa para encontrar um remédio não prejudicial que pudesse lhe proporcionar algum alívio, mas sempre com sucesso limitado.
“Dado o estado das suas patas após o resgate, é provável que Lady tenha sofrido uma doença nas patas durante pelo menos duas décadas. Sua força e determinação e sua necessidade de conexão emocional com seus tratadores fizeram dela uma grande professora para todos nós. Ela sempre parecia saber o que queria e parecia a todos nós que ela estava pronta para se libertar da dor com a qual conviveu por tanto tempo. Ela era diferente de qualquer elefante que já encontramos e não esperamos ver outro como ela em nossa vida. Planejamos colocá-la para descansar fora das cercas do habitat, porque Lady estava sempre olhando para ver o que havia além da próxima colina, vale ou clareira gramada. Queremos homenagear a parte dela que queria uma vida que não a contivesse. Agora, seu corpo e seu espírito sabem exatamente isso”.
Santuário dos Elefantes
O Santuário está localizado no município de Chapada dos Guimarães, a 65 km de Cuiabá. O espaço tem o apoio de duas renomadas organizações internacionais de defesa e estudo dos elefantes, ElephantVoices e Global Sanctuary for Elephants.
Os animais vivem em uma área de aproximadamente 1,1 hectares, que era uma antiga fazenda utilizada para a criação de gado. As elefantas vivem soltas. No entanto, o local também tem uma área de galpões e baias, onde elas são colocadas assim que chegam até que se sintam confortáveis a sair do recinto.
Para conhecer o Santuário não é preciso ir lá, até porque os elefantes vivem soltos e se escondem na mata, e a intenção é justamente que eles não sejam uma atração como foram durante a vida toda nos cativeiros onde viveram.
No entanto, nas redes sociais e no portal da entidade, é possível acompanhar os relatos do dia a dia destes animais, assim como assistir aos vídeos que os tratadores conseguem fazer durante o atendimento a elas.
Quem quiser ajudar de forma mais efetiva, pode participar da campanha “Adotar um Elefante”, enviando recursos especialmente para os cuidados de qualquer uma das moradoras.