Coelhos se assustam com cuíca em trilha do Pantanal; veja vídeo 1ut4k
Cena foi registrada por câmera trap no Pantanal e mostra reação em cadeia após cuíca ar muito perto de um coelho parado na trilha. 3v4e30
Uma cena curiosa e inesperada foi registrada por uma das câmeras da Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) do Sesc Pantanal. Durante a noite, uma cuíca atravessa uma trilha e a muito próxima de um tapiti – a única espécie de coelho nativa do Brasil.
O susto é imediato: o coelho salta assustado e, com o movimento repentino, assusta um segundo coelho, que também dispara em fuga. (Confira o vídeo no final da reportagem)
A sequência, gravada em vídeo, é rápida, mas revela como os encontros noturnos na mata podem ser tão imprevisíveis quanto reveladores.

A cuíca, também conhecida como gambá-de-quatro-olhos, protagonista involuntária da cena, é um marsupial de hábitos noturnos.
A espécie observada na RPPN é, provavelmente, Philander canus, encontrada no Pantanal e também em países vizinhos como Paraguai, Bolívia e Argentina, além de áreas do Cerrado e da Amazônia.
Vive em florestas, faz ninhos no solo ou em árvores e, durante o período chuvoso, pode gerar de quatro a cinco filhotes por vez no marsúpio.
Ela pode parecer inofensiva, mas tem hábitos alimentares surpreendentes. “São animais oportunistas, que se alimentam de insetos, pequenos vertebrados e até serpentes como cobras corais. Há evidências de que sejam imunes ao veneno de algumas delas”, explica o pesquisador e professor do Museu Nacional,
Luiz Flamarion.
De acordo com o pesquisador, a cuíca não é considerada uma espécie em extinção, mas, em algumas áreas do Brasil, já não é mais encontrada devido ao desaparecimento de habitats em larga escala.
Na natureza, enfrenta predadores como onças-pardas, jaguatiricas, serpentes, aves de rapina e grandes corujas. Por ser um animal silvestre, sua criação em cativeiro doméstico é proibida por lei.
“É sempre importante consultar o IBAMA e órgãos ambientais competentes para verificar se existem criadores autorizados”, diz Vinícius Almeida, gestor ambiental e analista de projetos do Sesc Pantanal.
O gestor ambiental explica que o nome cuíca vem do tupi ku’ika e é usado para marsupiais de médio e pequeno porte da família dos didelfídeos.
“Já os chamados ‘gambás’, como o ‘saruê’ ou ‘mucura’, são maiores e pertencem a outro gênero, o Didelphis, como o gambá-de-orelha-branca e o gambá-de-orelha preta”, explica Vinícius Almeida, gestor ambiental do Sesc Pantanal.
“A cuíca tem porte médio e, por isso, recebe nomes diferentes dependendo da região.”
As imagens de câmera trap fazem parte da pesquisa de felinos no Brasil, na RPPN Sesc Pantanal, realizado em parceria com o Museu Nacional da UFRJ e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), com apoio do Grupo de Estudos em Vida Silvestre (GEVS) .
Já são mais de 160 mil vídeos coletados por câmeras trap e cerca de 60 espécies documentadas. Entre tantos flagrantes da vida selvagem, essa rápida interação entre uma cuíca e dois coelhos.