Coelhos brasileiros são filmados “dançando” em roda 3f7167
Registro raro revela comportamento curioso dos tapitis, únicos coelhos nativos do Brasil, em pleno coração do Pantanal. z5b6k
No meio da imensidão do Pantanal, a natureza mostrou mais uma de suas surpresas encantadoras: dois tapitis – a única espécie de coelho nativa do Brasil – foram flagrados em um comportamento tão curioso quanto fascinante: girando em círculos, como se estivessem dançando. (Confira o vídeo no final da matéria)

O comportamento, embora curioso, não é uma “brincadeira” como poderia parecer à primeira vista. Segundo a bióloga e educadora Camila Hashimoto, do Sesc Pantanal, em Mato Grosso, o mais provável é que os tapitis estivessem envolvidos em um ritual de acasalamento.
“Embora alguns mamíferos silvestres apresentem o comportamento de fazer brincadeiras, esse tipo de comportamento ainda não foi observado nos tapitis. Esse movimento de andar em círculos pode ser para mapear territórios, explorar cheiro de urina e fezes, alta adrenalina como excitação ou alerta. O mais possível nesse caso seria um ritual de acasalamento, o qual já foi registrado nesse gênero Sylvilagus“, explica Camila.
Com carinha de pelúcia, o tapiti é um mestre da discrição. Vive em silêncio, tem hábitos noturnos e prefere se manter longe dos olhos humanos, e dos muitos predadores que o cercam, como onças, jaguatiricas, corujas, gaviões, serpentes entre outros.
Ele é menor que o coelho europeu que conhecemos, tem coloração marrom – pardo e orelhas pequenas também.

Tudo isso é uma adaptação ao clima tropical, pois orelhas pequenas tem menos exposição ao calor, o tamanho diminuto garante agilidade para fuga e a coloração se confunde com as folhas secas do chão, exatamente onde ele faz o ninho. Para o tapiti, nada de cavar toca.
Apesar de sua distribuição ampla, da América Central até o norte da Argentina, indivíduos dessa espécie já foi registrados em todos os biomas brasileiros.
O tapiti está classificado como “quase ameaçado” pela IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza) desde 2016.
De acordo com a bióloga, estudos sobre a espécie são raros, já que o animal é difícil de ser avistado.
O vídeo, portanto, é uma preciosidade da natureza. Mais do que fofura em movimento, ele oferece uma chance valiosa de conhecer melhor o comportamento desse pequeno sobrevivente das florestas tropicais.
E se a “dança” foi mesmo um flerte noturno, em breve talvez o Pantanal receba novos filhotes, já que os tapitis têm uma gestação rápida de 30 dias e em média até quatro crias por ninhada.
“Os tapitis tem uma reprodução típica de presas pequenas, quanto mais filhotes, mais chances de perpetuar a espécie” afirma Camila.
Enquanto não sabemos ao certo o motivo, uma coisa é certa: os coelhos do Pantanal surpreendem com sua agilidade e seus hábitos misteriosos.