Anta imensa invade residência para fazer uma boquinha em Anaurilândia 4i1e6u

Dócil, Tico é um morador ilustre do município, mas seu comportamento também acende um alerta sobre a domesticação de animais silvestres h3157

Pela descrição dos próprios moradores, a anta Tico, é quase o mascote de Anaurilândia, a 352 quilômetros de Campo Grande. Dócil, o animal eia pelas ruas da cidade, ganha carinho de crianças e até invade residência atrás de comida. A situação, no entanto, acende o um alerta sobre a domesticação de animais silvestres. Assista abaixo.

Tico visitando residência em Anaurilândia. (Vídeo: Arquivo Pessoal)

Visita inesperada 5s652s

O vídeo acima mostra a visita que Tico fez ao pai da dona de casa, Cristina Tomazini, na semana ada. Nas imagens a anta imensa aparece super a vontade desfilando pela casa enquanto os moradores oferecem melancia e até pururuca. Tico já tinha ido outras vezes a casa da família, mas nunca havia se sentido tão à vontade.

“Como lá no meu pai tem bastante fruta, tem água, ela gosta de ar lá para comer manga, beber água, deitar lá, ficar de boa. Quase todos os dias ela está lá na casa do meu pai, mas nesse dia ela resolveu entrar dentro de casa. Ela estava assistindo o Bom Dia MS”, brinca Cristina, citando que o animal chegou na residência enquanto ava o programa jornalístico da TV Morena.

Curioso, Tico andou pela casa, quase derrubou uma televisão, ganhou ate melancia e só saiu da residência após muita insistência dos moradores. Tico é mesmo uma figura, totalmente adaptado à rotina urbana, conforme explica Cristina.

“Ele eia para lá e pra cá, anda na pracinha, pela cidade toda. Ele é um doce, você precisa ver a tranquilidade.”

Cristina Tomazini

Depois de dar uma voltinha pela residência, Tico foi embora.

Conforme a dona de casa, a anta foi criada desde filhote pelo morador de uma fazenda na região, por isso se acostumou com a presença de humanos.

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Criança ando a mão em Tico. (Vídeo: Arquivo Pessoal)

Preocupante 1x3s1p

As imagens que mostram o morador ilustre da cidade são fofas, mas a situação acende um alerta. Quais circunstâncias levam uma animal silvestre de grande porte, selvagem, de hábito recluso, se sentir tão à vontade com a presença humana?

Referência nacional na preservação da espécie, a conservacionista Patrícia Medici explica que o comportamento dócil do animal pode ser reflexo de uma série de fatores preocupantes. A interação entre os moradores e a anta também é um risco para ambos.

Desde 1996, Patrícia coordena a INCAB (Iniciativa Nacional para a Conservação da Anta Brasileira ) e dedica sua vida à conservação das antas e de seus habitats remanescentes no Brasil.

Conforme Medici pelas imagens, é possível deduzir que Tico, de fato, se habituou com a presença humana, desde pequeno.

“Na grande maioria dos casos são animais que chegam para essas pessoas, filhotinhos de mães que via de regra foram caçadas, foram mortas pra consumo da carne e esses filhotinhos ficam ali perdidos depois que a mãe é abatida e essas pessoas, que em muitas situações são as próprias pessoas que abateram a mãe, acabam acolhendo esses filhotinhos. E o bicho cresce por ali e, sim, ficam ‘domesticado’, acostumado com aquele ambiente e um tantinho mais dócil.”

Patrícia Medici, conservacionista.

Contudo, a ambientalista reforça que é extremamente contraindicado tanto a domesticação quanto o contato tão próximo do animal, como mostra o vídeo.

“É importante entender que esse é um animal silvestre e mesmo estando relativamente habituado à presença humana e ao contato com as pessoas, tem instintos de um animal selvagem. É um animal que quando se sente contido, pode se tornar agressivo. Então naquela situação do vídeo, em que ela está naquela sala de jantar, com as pessoas circulando, foi uma situação de muito risco para aquela família.”

Patrícia Medici, conservacionista.

Com vasta experiência na área, Patrícia conta que já há registro até de óbito causado por ataque de anta. São inúmeros os prejuízos da domesticação de antas e demais animais silvestres.

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Tico desfilando no Centro de Anaurilândia. (Foto: Arquivo Pessoal)

“É ruim num contexto de, por exemplo, a transmissão de doenças, tanto do ser humano para o animal quanto do animal para o ser humano. É ruim no que diz respeito ao alimento que é ofertado a esses bichos, que em grande parte não faz parte da dieta natural, original desses animais. O sistema digestivo desses bichos não está preparado para certas coisas que certamente ela está consumindo ali no vídeo, para além da questão do instinto.”

Patrícia Medici, conservacionista.

O avanço do desmatamento também é responsável pela aproximação destes animais das cidades.

“Esses animais estão perdendo o habitat e então am a vagar, am a se deslocar a ermo pela paisagem desmatada, fragmentada, destruída, alterada e acabam esbarrando nos centros urbanos. Isso é bem comum. E tem também a questão de algumas cidades que tem pequenos fragmentos de mata, de área verde, corpos d´água e um bom exemplo é Campo Grande. Os parques do Prosa, Parque Estadual Matos do Segredo, o Parque das Nações Indígenas, tem muita água, muitos córregos, é uma cidade bastante verde, então, há antas que ‘são residentes da cidade’, que vivem ali, que têm habitat ali dentro. É o ideal? Não é o ideal, mas os animais acabam vivendo ali. Então a gente tem esses dois lados da moeda.”

Patrícia Medici, conservacionista.

O ideal é que os animais sejam mantidos – e protegidos – em suas áreas nativas, reforça Patricia Medici.

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Procurada pela reportagem, a PMA (Polícia Militar Ambiental) informou que vai orientar os moradores a não alimentarem o animal e sobre os perigos de deixá-lo entrar nas residências. Como Tico vive em área de mata na região também não é necessária a captura.

“Até porque uma captura de um animal desse porte é muito estressante e é mais prejudicial para o ele do que deixar ele continuar vivendo ao ar livre.”

Major Thamara Moura, subcomandante do 2º BPMA (Batalhão da Polícia Militar Ambiental).

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